Steve Jobs disse uma vez num discurso em Stanford para os
formandos que, quando ele largou a faculdade, ele não tinha a mínima ideia do
que fazer da vida, e ficava meio ressentido por fazer seus pais gastarem
dinheiro, que eles não tinham, com ele, já que ele estava abandonando os
estudos, e ele diz algo que é o que vou tratar neste texto: “Dessa forma decidi
largar a faculdade e confiar que tudo daria certo no final. Pareceu bem
assustador na época, mas, olhando pra trás foi uma das melhores decisões que eu
já tomei”. Eu não quero me comparar com Jobs, mas posso dizer, com certo
orgulho que o que eu descreverei aqui para vocês hoje foi feito antes mesmo de
eu saber qualquer coisa sobre Jobs que não fosse “Dono da Apple”. De fato, só
“descobri” o Steve Jobs de verdade, de conhecer a história, ler a biografia e
tal, quando o jornal noticiou sua morte. Não me orgulho nem um pouco disso,
porque o cara é simplesmente uma das pessoas mais importantes pra história da
tecnologia. Mas enfim, voltando à história: Eu costumo dizer às vezes para
Tarmilcio coisas como “Eu queria achar uma maleta cheia de grana, pra não ter
de trabalhar” ou “Eu queria ganhar na loteria” coisas do gênero, mas acontece
que as coisas não são tão fáceis assim. Nem posso reclamar, porque minha vida é
daquelas comuns sabe? Mas ninguém da minha família principal (já falei pra
vocês, doze pessoas) se graduou, ninguém da minha família principal é rico, e
como de costume da nova geração sempre ser melhor que a anterior (me refiro a
inteligência) nós (eu e meus primos) temos essa “missão” de “ser alguém na
vida”, e é aí que entra esta parte especifica que escrevi lá em cima do texto
de Steve Jobs. Fico até meio triste de falar isso, porque a grande maioria das
pessoas que me conhecem pensa que eu “joguei meu futuro no lixo” (exceto alguns
de meus primos não acham isso). Pois bem, eu sempre fui muito bom aluno, e aqui
na minha cidade existe uma Instituição de ensino muito conceituada, que existe
no país todo, chamado atualmente de IF’s, ou mais conhecido como CEFET. Aqui se
chama IFCE. Então, no nono ano, eu fiquei maluco pra entrar no cefet daqui, e
estudei, estudei, e não passei. Mas, exatamente um ano depois, eu consegui, eu
passei! As pessoas me parabenizavam, diziam que eu já tinha todo o meu futuro
garantido, e coisas do tipo, um amigo meu chorou, porque também queria ter
passado, e isso tomou uma proporção gigante, e eu, como tinha passado, resolvi
largar meu Primeiro ano do Ensino médio, já que estava indo pro melhor colégio
do Ceará. Nesse ponto, é esse ponto que eu me arrependo bastante amiguinho. Eu
deveria ter terminado o Primeiro ano, ou melhor, deveria ter terminado meu
ensino médio inteiro, e nunca ter ido ao Cefet, de longe o colégio que eu mais
odiei em toda minha vida. Acontece que o cefet não tem nada de especial, é como
qualquer outro colégio, com as mesmas pessoas burras que você conhece no seu
colégio comum, só que com mais “grife”. Não vou desdenhar o colégio aqui, só
direi que descobri ainda no primeiro semestre, poderia dizer que foi no
primeiro dia de aula, que eu não queria aquilo ali, que eu não queria ser um
engenheiro ou arquiteto ou qualquer coisa desse tipo. Ah, eu fazia
Técnico/integrado de Edificações. Mas eu me encontrava num dilema que me fez
pensar, e perder no total, uns três anos de vida acadêmica: “Eu vou sair daqui?
Vou continuar?”. Um ano e meio depois eu decidi sair de vez, e como me refiro
com as palavras de Jobs no começo do texto, foi assustador, não sabia nem como
sair, então decidi sair aos poucos, até que minha mãe se acostumou com a idéia,
apesar de até hoje ela ter certeza que eu vou ser um Zé ninguém, porque larguei
o cefet, mas sinceramente, eu fico feliz de ter feito isso, posso até dizer que
foi uma das melhores decisões que já tomei na vida, apesar de hoje eu não ter
ainda nem ensino médio, pois foi depois de sair de lá que eu adquiri gosto por
leitura, e no ano que saí, li 13 livros, pode não ser muito pra alguns, mas pra
mim é um recorde até hoje(ainda leio bastante, compro muito livro), foi depois
de sair que eu comecei a estudar inglês a sério, comecei a estudar japonês, e
ainda abri uma empresa de chocolate com meus primos(a empresa nós abrimos
quando eu já estava inclinado a sair, e não frequentava muita aulas, e faliu em
dois meses), enfim consegui dormir mais que seis horas por noite, consegui
descansar. A diferença é que o Jobs se tornou um grande empresário e eu não sou
nada por enquanto. Vou encerrar esse
texto (texto completamente sem graça fodão, por sinal) com outro pedaço
do discurso do Jobs, e talvez faça alguma consideração final. “Você tem que
confiar em alguma coisa – seu instinto, destino, vida, karma, seja o que for.
Porque acreditar que os pontos vão se ligar em algum momento traz confiança
para seguir seu coração, mesmo que isso o leve para um caminho diferente do
previsto, e isso fará toda a diferença”.
Eu acho que já tinha feito um texto explicando as razões por ter
saído do colégio, mas esse aqui é bem melhor, eu acho, em todos os sentidos,
nem lembro se expliquei direito no outro, mas o outro foi feito pra rir, esse,
bem melhor escrito e construído, foi feito porque lembrei do discurso do Jobs
em Stanford, e eu gosto muito desse discurso, porque é a única justificativa
significativa que eu tive na época pra sair do colégio. Acho que tá bom por
aqui, até logo minha gente.
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