Okay, talvez eu tenha exagerado um pouco quando disse que a casa dos meus
primos fica a 40 quilômetros da minha... Fica a uns 3 ou 4 quilômetros. Mas
ainda assim é longe. Então, explicado isso, podemos iniciar a história de hoje.
É
algo inexplicável como, de um dia para o outro, você entra numa “vibe” de
querer muito fazer uma coisa, ou ficar super fã de uma banda, ou... De virar um
mochileiro. Foi assim que começou, eu, e Tarmilcio, meu primo, descobrimos esse
fabuloso mundo de mochileiros, e decidimos que queríamos aquilo ali, um mundo
de aventuras, pois, como dizia a musica, nós - somos caçadores de aventuras,
uhuu♫ ♪- Bem, se você não entendeu
a piada, eu explico. Essa é a musica de abertura dos Duck Tales. Então,
continuando, nós queríamos virar mochileiros, mas pra isso precisávamos de
treinamento. E nada melhor que uma meia-maratona-pessoal para treinar.
Decidimos ir andando de nossas casas até o centro da cidade, que fica a uns 20
quilômetros de nossas casas. Existe um problema, na verdades existem vários
problemas em ser gordo, mas acho que só tratarei de um aqui hoje: gordos não
andam, por isso são gordos. E acontece algo muito peculiar quando gordos
resolvem percorrer grandes distancias. Antes de tudo tenho que esclarecer que
nunca tive problema em andar, até gosto, sério. Continuando, as pessoas têm
coxas, que ficam acima dos joelhos, e gordos geralmente tem coxas avantajadas,
sabendo disso, você sabe fazer uma fogueira só com palitinhos? Conhece o procedimento?
Você precisa “friccionar” os palitinhos de modo que eles esquentem e peguem
fogo devido ao atrito. Isso também acontece com pele humana. Se você, gordinho
como eu, andar muito, você vai ficar assado. Um conselho que dou se você é
gordo: não tente andar 20 quilômetros, especialmente em Fortaleza, onde a
temperatura chega a 60 ou 70ºC, em dias frios. Ou circule suas coxas com
plástico. E lá estávamos nós, na longa jornada de dois babacas, se achando os
reis do mundo. Outro problema foi o trajeto: só pegamos uma linha reta, e não
analisamos os bairros que passaríamos. Eu lembro que em certa parte do trajeto,
uma senhora, de uns 40 ou 50 anos, passou do nosso lado com um carrinho de
bebê, e quando eu olhei pra porra do carrinho, pra ver o bebê, tinha a
porra de uma BONECA!!! PUTA QUE PARIU!! Tinha uma boneca na merda
daquele carrinho amaldiçoado.
Vou lhe aterrorizar em seus sonhos!!!
Confesso que quase me defeco de tanto medo que
senti naquela hora. Mas meu primo estava do lado, então fingi normalidade e
contei pra ele, de forma hilária: “Olha Tarmilcio, aquele carrinho na verdade
tem uma boneca, e não um bebê”. Foi quando ele disse o que eu temia: “Mano,
esse bairro aqui é meio tenso viu”. Pra que tu foste dizer isso, Tarmilcio?
Pelo amor de Deus, era só rir e continuar andando. Depois disso, um pedinte nos
parou, e pediu dinheiro pra uma latinha de refrigerante e nós simplesmente
aceleramos o passo, morrendo de medo. Na verdade, lembrando agora eu fico meio
nostálgico, quer dizer, na hora foi um aperreio e tal, mas agora parece ter
sido legal, enfim. Quando chegamos no nossos destino, um shopping, e sentamos
nos banquinhos, eu mal conseguia sentir minhas pernas, e, se não me segurasse,
coraria feito um bebê ali mesmo, no shopping. O interessante é que essa
história nem é tão antiga, foi no começo desse ano. Então o conselho final é:Se
você ver um carrinho de bebê, sem bebê, e com uma boneca dentro, CORRA, corra o
mais rápido que você puder, porque, ou você está sonhando, ou você vai ser
morto a qualquer instante.
Nosso trajeto.
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