sábado, 22 de fevereiro de 2014

O “porquê” eu vou me foder na vida adulta.

O texto a seguir retrata um outro Eu que estava bem decepcionado com a vida. Não faz muito tempo que escrevi, mas lendo hoje eu posso dizer que, mesmo me identificando, os problemas do texto não parecem mais tão problemáticos assim, felizmente.



     Eu tenho 19 anos, sou provavelmente feio, não tenho emprego, não estudo, tão tenho habilidades sociais, não passei em nenhuma faculdade. Listei ai algumas coisas sobre eu que serão pertinentes a esse texto. Sou gordo, o que no mundo atual quer dizer feio. Não tenho carteira de trabalho porque tenho medo/receio/frescura de ir tirar. Terminei o ensino médio pelo ENEM porque não conseguia mais freqüentar o colégio, não gostava das pessoas de lá, tinha medo de dialogar com eles. No primeiro dia de aula nesse colégio eu fiquei com tanto medo de entrar na sala, que eram de alunos todos novatos, mas estavam todos conversando, que eu fui embora, simplesmente porque não aceitei o fato de eles conversarem já no primeiro dia, sem ao menos se conhecer. Hoje eu sei que eles estavam ali se conhecendo, e eu, desprovido de habilidades sociais, corri, fugi. Conseqüentemente abandonei o colégio e fiquei de “férias” por 2 anos. Tirei o Certificado do Ensino Médio pelo ENEM. Minha vida é toda assim, eu fujo das pessoas, evito puxar assunto com gente que não conheço. Eu sou aquele cara com poucos amigos, e que se sente incomodado pelos poucos amigos conseguirem mais amigos, porque não quer conversar com essas novas pessoas que ele nem conhece. Eu penso em viajar, em fazer intercambio, etc, mas como? Se, pra fazer essas coisas você PRECISA ser sociável. Minimamente sociável. Eu me pergunto todo dia o porquê de eu ser assim. Não quero acreditar que eu mesmo criei essa personalidade lixo e chata e desagradável.
     Naturalmente, como a maioria das pessoas com esse tipo de personalidade, eu busco conforto e diversão em jogos online. Um jogo em especial, League of legends, me chamou bastante atenção, pela grandiosidade, competitividade, etc.. Foi o primeiro jogo que me fez ter vontade de jogar competitivamente, ser profissional no game. Comecei a jogar com meu primo, Tarmilcio, e jogávamos (eu ainda jogo) bastante, inclusive Tarmilcio jogava mais tempo que eu no inicio. Algum tempo depois entrou Felipe, meu outro primo, mas nós já estávamos longe no joguinho, já tínhamos clã, e esse tipo de coisas que se tem em jogos. Aí as coisas começaram a mudar. Tarmilcio já não queria jogar tanto, nunca quis na verdade, ser profissional. Só jogava “por diversão”. Felipe também. E por alguma razão eu sinto tristeza e raiva disso. Sinto como se tivesse sido traído pelos meus primos, que preferem a vida real, que preferem suas namoradas e/ou “peguetes” de facebook, ou esse tipo de coisa. Eles “cresceram” e eu continuei aqui, basicamente do mesmo jeito que eu sou desde sempre. E não é que eu queira mudar meu jeito, eu preciso, gostando ou não. Não dá pra viver o resto da vida sendo um ridículo que não fala com as pessoas e etecetera e etecetera. Mas ainda assim eu fico com raiva deles. Na minha mente já estava claro que nós deveríamos jogar e jogar e subir e subir e nos tornar profissionais. Pra mim esse era o sonho, mas pra eles mais importante é essa droga de vida real. Que raiva eu tenho desse tipo de comportamento, desse tipo de pessoa que eles se tornaram, mas eu sei que sou eu o errado. Então me desculpem por esse texto primos, continuem vivendo assim, vocês estão certos, eu sou só um babaca que provavelmente vai morrer antes dos trinta.
     Quero encerrar este texto com um trecho de um diálogo entre o Jeff e o Abed, da série Community. O Jeff fala algo, que não me recordo agora, e Abed diz mais ou menos assim: “Eventualmente todo os meus amigos mudam, vão embora, seguem suas vidas e eu fico pra trás, porque eu sou o Abed, porque eu sou o estranho da turma”, mas não tem problema né, é assim que tem que ser. Até o próximo texto amigos, e um beijo no coração, hahahah.

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